Abandonando o passado, reescrevendo o futuro

Já nem sei mais o que se passa internamente... Cérebro e coração não lutam, nem pensam, nem agem. A grande dúvida que fica no ar: será que estou fazendo a escolha certa?

Alguns acontecimentos bem curiosos, e até que, de certa forma, inesperados, ocorrendo; decepções com pessoas, oportunidades fora do país. Cada vez mais opções deixando tudo confuso e nebuloso pelo caminho. Logicamente que governo dificultando a vida de quem quer sair do país pra ter uma vida melhor, já que aqui isso é impossível, e isso me afeta diretamente, e me dá cada vez mais raiva do país, dos políticos e do próprio povo que aqui reside. A culpa é do governo, e o governo é culpa do povo, logo, ninguém se salva.

Mais uma ano de idade que chega, menos um ano de vida para viver. E esta depressão pós-aniversário, que novamente me atinge? Esse desânimo em continuar vivendo, lutando por meus sonhos, buscando realizar meus objetivos, só deixa mais pesado o ar à minha volta.

Sim, planejo mesmo ir ao Japão, pra morar, trabalhar, de repente até estudar. Mas, se eu for, provavelmente vou pra nunca mais voltar. O Brasil me traz depressão, me joga pra baixo, me pisa nos bagos e esmaga meus sentimentos como vidro virando pó... CHEGA!

A imbecilidade reina na internet, ser inteligente se torna um martírio, ser idiota se torna motivo para orgulho. Este não é o meu mundo. Não quero mergulhar a cara num formigueiro, tomar banho de nutella, enfiar a cabeça no microondas com gesso, ou ficar fazendo coisas retardadas para ganhar atenção. Quero fazer minha arte, tocar música de verdade, criar artes audiovisuais interessantes e que possam vir a ser apreciadas.

Nas palavras da minha mãe estes dias, "O mundo já não é mais o mesmo que antes, eu não posso mais viver, já passou meu tempo aqui". Pois é, as regras mudaram, os estilos mudaram (pra pior), e tudo que resta é a "nostalgia até o começo dos anos 90". O que veio depois, é descartável, e é comprovado no dia a dia.

Eu preciso me alimentar, não só de comida, mas, de cultura, entretenimento, de trabalho saudável. Eu preciso de qualidade, e não apenas quantidade. E aqui, tanto a qualidade quanto a quantidade é em péssimo estado. Vejo tanta coisa sem qualidade ter visibilidade e reconhecimento, enquanto tantas coisas boas passam despercebidas porque ninguém presta atenção.

Este país destruiu meus sonhos, e grande parte do meu futuro, junto das decepções que este mesmo país me trouxe no passado. Cartas perdidas ou desviadas, presentes quebrados, sonhos destruídos. Eu queria trocar tudo isso por coleções de alegrias, felicidades e boas lembranças.

Hoje, já não consigo mais confiar em palavras como "Amor", por exemplo. Quando eu acreditava, o mundo só jogava pedras na minha cara, de vários tamanhos, com mutia força. Demorei, mas, aprendi a não confiar mais em nada, nem ninguém, seja amorosamente, seja profissionalmente. Viver em um mundo injusto, não vale a pena.

Não importa se a gente sai muito de casa, ou se ficamos enclausurados em nossos quartos em trabalhos freelances.Quanto mais nos esforçamos, mais a vida pisa na gente, e a Roda de Samsara continua a girar. E enquanto estivermos nela, o ciclo continua, dor e sofrimento sempre. E está cada vez mais difícil chegar à iluminação.

Talvez seja hora de levantar a bandeira branca, regularizar minha documentação, e vazar do Brasil, antes que ele afunde de vez. Talvez seja hora de aceitar meu destino, num trabalho comum, lá no Japão, pra não ter tempo de ficar pensando em tudo que minha estadia no Brasil me fez perder de tempo.

Hora de abandonar o passado e reescrever meu futuro.

YATTA!

bye-Q!