foto da banda Arigatões
Às vezes, sentimos como se fôssemos produtos, seja como escravos, seja apenas como carne, massa de manobra, etc. Mas, no final das contas, tudo isso é por termos tão pouco tempo de vida no planeta. Mas, afinal, nós temos MESMO um "prazo de validade" pra tudo?
Carne, salada, aparelhos eletrônicos, geralmente, tem um tempo de vida útil, um prazo de validade. Se há capacitores (videogames, rádios, Tvs, etc), a validade é de 15 anos, e depois ter de trocar os capacitores ou perder a peça de vez. No caso de comida, são poucos dias ou meses, dependendo do tipo de comida, e tipo de armazenamento dela.
No caso do ser humano, ele tem duas validades: a validade de vida e a validade de "utilidade", se formos analisar atentamente, pois, envelhecemos, vamos perdendo funções motoras, ficando mais lentos. Com isso, deixamos de servir como mão de obra de trabalho, e aí, entramos na fase da aposentadoria, de sermos "peso morto" para as outras pessoas. Mas, afinal, qual o nosso prazo de validade, então?
Como exemplo, falarei do meu caso. Sou artista, trabalho com arte, multifunções mesmo. Ator, locutor, dublador, diretor de teatro e cinema, apresentador de palco, músico. Nunca gostei de ficar parado, pra alguns sou considerado um workaholic, mas, como ainda há preconceito em cima de artistas, para outros, sou apenas "um vagabundo" por trabalhar com arte e entretenimento e "não ter um emprego de verdade".
Mesmo tendo a liberdade, sendo artista, de qualquer área que seja, temos o nosso ápice. Tem gente que cresce e continua crescendo, e de repente some. Tem gente que cresce rápido e some rápido, outros demoram pra crescer, estouram e ficam no topo mesmo após a morte. Agora, como planejar a ascensão e queda, para não perder as rédeas da própria vida?
Imagem ilustrativa com QR Code para o canal do youtube
Imaginem o quadro: quando jovem, sempre foi muito inteligente, aprendeu rápido, um líder nato, quando conseguiu emprego, começou como apresentador de programa próprio. Próximo trabalho foi como co-adjuvante. Depois, foi descendo, até se tornar um simples faxineiro da emissora. Não deveria acontecer do contrário? Crescer, ao invés de rebaixar de cargo?
Agora, este outro quadro: as pessoas enxergam potencial nele, e ele se torna vice-presidente de uma empresa logo de cara. As pessoas vêem potencial, mas, não ouvem NADA do que ele fala. Ele é sempre ignorado quando fala, e todo mundo fala por cima do que ele diz, mesmo sendo algo importante, visões que ninguém teve sobre o negócio. Descem ele de cargo porque "ele não faz nada" (sendo que ele trabalhava mais que todos juntos ali), virou tesoureiro. De repente, rebaixado novamente a apenas "porta-voz do que mandam ele falar na frente das câmeras", e vai descendo até ser chutado quando a empresa cresceu.
Vamos à um terceiro quadro: O cara aprende fácil, é um lutador, mas, mesmo todos acreditando nele, em seu potencial, em seu esforço, ninguém consegue entender como ele ainda não "estourou". Só que, ao mesmo tempo, ninguém estende a mão, ou dá uma chance, sequer investem nele. Ele chega aos seus, digamos, 32 anos, e nunca conseguiu um centavo sequer, mesmo até implorando por emprego, não conseguiu nada, e tem de viver às custas da aposentadoria curta da mãe. Nem como lixeiro ou atendente de telemarketing o aceitam, mesmo ele tendo conhecimento, esforço e mentalidade pra ser presidente de uma empresa.
Em um país de primeiro mundo, seja Japão, Estados Unidos, Canadá, etc, os três casos teriam sido bem diferentes, e eles prosperariam. Por quê no Brasil, justamente aqui em nossa "Pátria Amada", ocorreu a reversa russa com eles? Teriam eles perdido seus prazos de validade cedo demais?
Eu mesmo, já tive meu ápice como músico, meu ápice como desenhista, como roteirista, como poeta. Tive grandes lembranças de tempos gloriosos, mas, quase nunca pude realmente dizer que foi um "sucesso", pois, mesmo fazendo shows, abrindo shows de bandas grandes (até mesmo de ídolos meus), nunca cheguei a lançar um CD de estúdio oficialmente. Mesmo quando eu sabia desenhar, e até desenhava bem, não cheguei a lançar em bancas meus quadrinhos. Como roteirista, já tive filmes meus em festivais, mas, nunca algo lançado em grandes redes de cinema como sonhava. Já apresentei programa de webTV, já fui repórter de TV a Cabo, já fui assistente de palco em TV aberta. E parece que não dá pra crescer mais, apenas descer. E continuo descendo. Nem no youtube cresço mais do que meus quase 3 mil inscritos em 12 anos na plataforma.
Afinal, teria meu prazo de validade se esgotado? Ou será que ainda há algo maior por vir,e por isso, fui rebaixado em todas as áreas nas quais trabalhei e dei meu máximo esforço? Será que ir morar e trabalhar no Japão seja a resposta pra tudo, ao invés de continuar tentando aqui, aonde nada vai pra frente?
